Refinando os processos de produção criativa — XVI

Marcelo Garcia
7 min readFeb 4, 2023

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Anunciar para existir.

No início desta série eu decidi desinstalar os aplicativos de redes sociais do celular para poder focar mais nos projetos, mas tive que voltar atrás quando resolvi melhorar minha presença online, aumentando o número de seguidores do APARELHO nas contas do Facebook e do Instagram.

Eu via essa coisa de aumentar o número de seguidores como uma métrica mais ligada à vaidade do que algo mais prático, mas não é assim que as coisas funcionam hoje em dia. Os algoritmos se baseiam na popularidade de um perfil para sugeri-lo a mais pessoas, e, quanto mais gente segue sua conta, maiores são as probabilidades de ver seu trabalho circular.

Os experts em anúncios nas redes costumam dividir as estratégias em três segmentos:

1. Anúncios que anunciam produtos (o objetivo é vender).

2. Anúncios direcionados ao seu público já conquistado (o objetivo é mantê-lo, mostrando atualizações constantes de suas atividades).

3. Anúncios para conquistar público (o objetivo é aumentar seu alcance).

Criar anúncios pagos de maneira eficiente envolve testar os modelos oferecidos pela Meta Business Suite, a ferramenta de anúncios da empresa que controla o Facebook e o Instagram. Fiz alguns testes, usando os tipos de anúncios disponíveis, sempre gastando bem pouco e por um período de no máximo 7 dias. Com mais tempo e um orçamento maior, dizem, os resultados teriam sido mais expressivos, mas antes queria saber como a ferramenta funciona.

Apanhei um bocado para entender como fazer cada coisa, e ainda assim não muito bem. Consultei alguns vídeos feitos por gente do meio, mas as opções são muitas e a interface da ferramenta é confusa. Você pode criar uma campanha na Business Suite ou também através da Central de Anúncios, mas entre uma e outra as opções variam, mesmo que você escolha um mesmo tipo de anúncio e objetivos. Fiquei com a impressão geral de que a plataforma de negócios que o Zuckerberg oferece aos usuários não é nada intuitiva, o que é estranhíssimo, uma vez que a empresa está hoje principalmente voltada para a venda de publicidade.

As métricas para os resultados também são dignas de uma seita religiosa: O Meta disponibiliza alguns números e você tem que ter fé de que aquilo é verdade e que vai levá-lo, em algum momento indeterminado no futuro, ao paraíso da popularidade. Os parâmetros principais são alcance, que é o número de pessoas para quem seu anúncio foi exibido, e impressões, que pode significar muitas coisas e, ao mesmo tempo, quase nada. O que diz a plataforma:

  • Impressões medem a frequência com que seus anúncios estiveram na tela para seu público-alvo. (…) Uma impressão é contada como o número de vezes que uma instância de um anúncio está na tela pela primeira vez. (Por exemplo, se alguém vir um anúncio, rolar a tela para baixo e depois rolar a tela para cima no mesmo anúncio, isso contará como uma impressão. Se um anúncio for exibido para alguém em dois momentos diferentes em um dia, será contado como duas impressões.).

Fiz 7 anúncios ao longo de 45 dias, usando os modelos para atrair visitantes para os perfis, obter engajamento e vender um dos meus livros, gastando um total de R$250,00 distribuídos entre eles. Quando iniciei as campanhas, o perfil do Aparelho no Facebook contava com 43 seguidores, e o do Instagram com 61.

O que aprendi até agora:

As publicações que despertam mais interesse são aquelas que têm um texto bacana acompanhando as fotos

As pessoas realmente leem e, conforme o caso, opinam. Por “bacana”, quero dizer um texto que não seja muito longo, mas que tenha informações e uma opinião ou experiência pessoal sobre as imagens, como o post sobre os azulejos com a cara do diabo da Igreja de São Francisco, em Salvador, danificados por fanáticos.

É muito importante dar muita atenção ao público que você quer que veja a postagem

Quanto mais específico, melhor. Obtive um resultado muito melhor nos anúncios com alcance geográfico menor e detalhamento das preferências dos usuários, como o post sobre o mosh pit em shows de rock, direcionado a pessoas que gostam de música pesada.

As pessoas são preguiçosas.

Recebem uma sugestão de conteúdo em seus feeds e dão um like quando gostam, mas apenas no post. Seguir a página envolveria outro clique, e geralmente a pessoa já mudou a atenção para outra coisa logo depois do like. Por isso o Meta Business Suíte oferece a opção de convidar quem curtiu a postagem para seguir sua página, o que dá resultado. O problema é que nem sempre essa opção aparece no gerenciador, não sei por quê.

Turbinar um post, que é algo que alguns especialistas dizem que não funciona, na verdade funciona

… se a intenção é atrair visitantes e conquistar seguidores. Uma postagem com texto caprichado e hashtags eficientes vai longe se for turbinado.

Pagar por anúncios, em geral, dá resultado

Meus números aumentaram (181 no Facebook e 98 no Instagram), mas pelo jeito o que dizem por aí é verdade: É importante ter uma constância de anúncios circulando. Não adianta fazer um anúncio e depois mais nada. Também é importante testar cada modelo antes de investir mais pesado.

Um dos pontos negativos de fazer esses anúncios pagos foi que passei mais tempo do que gostaria (que é NENHUM) navegando na internet. Anunciar tem seus macetes, mas o que faz a coisa funcionar é que você tem que atualizar constantemente seus conteúdos, o que, ultimamente, tem sido penoso para mim.

Sensibilidade exagerada da minha parte? Talvez, mas não estou sozinho nessa. No livro Dez argumentos para você deletar agora suas redes sociais, Jaron Lanier diz que este é um sintoma mais comum do que se pensa, e inclusive faz parte da estratégia de negócios das plataformas de redes sociais. No capítulo “As redes sociais deixam você infeliz” (O título do capítulo e o trecho a seguir são meio trevosos, mas o livro possui um tom bem-humorado), ele relata:

Comecei a notar os sentimentos ruins desde os primeiros protótipos de rede social, que remontam aos anos 1980. Mesmo em serviços antigos, como o Usenet, constatava, depois de acessá-lo, que havia em mim um buraco estranho, desconhecido. Era algo que eu não sentia desde criança. Uma insegurança, um sentimento de não estar à altura, um medo de rejeição, tudo isso vindo do nada.

E mais adiante:

De repente, você e outras pessoas estão sendo postos em um monte de competições idiotas nas quais ninguém pediu para entrar. Por que não lhe enviam tantas fotos legais quanto mandam para o seu amigo? Por que você não tem tantos seguidores quanto ele? Essa constante dosagem de ansiedade social só deixa as pessoas mais grudadas ali. Mecanismos profundos nas partes sociais de nosso cérebro monitoram nossa posição social, e ficamos morrendo de medo de sermos deixados para trás, como um animalzinho à mercê dos predadores na savana.”

O autor prossegue com dados sobre os mecanismos que as redes sociais utilizam para manter as pessoas conectadas, muitos deles alimentando especificamente a ansiedade social.

Talvez você não seja tão vulnerável às armadilhas das empresas dos magnatas da Internet. Ou não queira admitir que é (pra mim é difícil). Mas as coisas são assim e eu estou tentando arrumar um jeito de aumentar minha presença online enquanto mantenho uma distância segura das redes.

  • >>>>> Esta série de postagens surgiu para ordenar meus projetos. Eu tinha muita coisa em desenvolvimento e achei que concentrar o foco em apenas alguns deles ajudaria a finalizá-los, reduzindo pouco a pouco a fila. É também uma forma de organizar meus pensamentos sobre as coisas que vou aprendendo no meio do caminho. Pra não ficar só escrevendo minha lista de tarefas, procuro acrescentar algumas reflexões que podem ser úteis a outras pessoas, mas isso não quer dizer que sejam ensinamentos de quem sabe das coisas. O que escrevo aqui está mais para “veja o que descobri dando cabeçadas e aprenda com meus erros”.

Projetos atuais:

* Dibre — Projeto de música instrumental para minhas composições — Objetivo: Terminar a música Eu não moro mais aqui e lançá-la como single em plataformas digitais. Data final: 9 de fevereiro de 2023.
* Dibre — Projeto de música instrumental para minhas composições — Objetivo: Fazer uma animação em vídeo e lançá-lo no You Tube com o single Eu não moro mais aqui. Data final: 9 de fevereiro de 2023.

Projetos terminados:

* Lançamento e divulgação do fotolivro Sombra Única no Festival de Fotografia de Paranapiacaba.
* Gravação de um vídeo ao vivo com duas músicas da banda Kosmovoid.
* Terminar a primeira versão da novela de realismo mágico Zona de Fronteira.
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Aumentar o número de seguidores dos perfis do Aparelho Produtor de Imagens no Facebook e no Instagram.

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